Roteiro turístico – Taypa de Pilão

O Estado de São Paulo acaba de ganhar um novo circuito de turismo chamado Taypa de Pilão. Envolve cinco municípios bem próximos da capital paulista – Barueri, Carapicuíba, Cotia, Embu das Artes, Santana de Parnaíba e São Roque – e que, juntos, têm em comum o patrimônio histórico bandeirista. O lançamento deste novo produto turístico aconteceu hoje pela manhã na Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo (Selt-SP).

Na oportunidade, o secretário Claury Alves da Silva enalteceu a iniciativa deste circuito que vem se estruturando desde 2007, “cuja cultura é benéfica ao turismo, pois hoje o viajante não deseja apenas o lazer, o entretenimento, mas agregar conhecimento, fator em destaque deste produto turístico. Os imóveis antigos preservados nos municípios de Taypa de Pilão também contribuem para o sucesso deste circuito”.

Em nome dos representantes dos municípios presentes, a secretária de Turismo de Cotia, Cristina Oka, falou que esta estratégia regional para o desenvolvimento do turismo foi uma conquista de muitas etapas. Entre outros temas, destacou “a maior representação do projeto jesuítico da ocupação do planalto paulista, a Aldeia de Carapicuíba; a Nossa Senhora da Escada em terracota abrigada na capela de taipa em Barueri; a Reserva Florestal do Morro Grande, maior floresta urbana da região metropolitana, em Cotia; a consagrada Feira de Artes e Artesanato na, também antiga aldeia indígena, Embu das Artes; a terra fundada por bandeirantes que possui um significativo conjunto histórico urbano, em Santana de Parnaíba; e a cidade de São Roque que, além do Roteiro do Vinho, mostra a suntuosidade das casas de fazendas paulistas”.

 

O Circuito Paulista Taypa de Pilão convida turistas para desbravar o interior do Estado e descobrir a verdadeira história de força, fé e coragem dos bandeirantes. Eles utilizavam as construções de taipa de pilão para o descanso nas caminhadas ao interior, com o fim de ocupar espaço e expandir o seu domínio. Embu faz parte do roteiro pelo seu conjunto jesuítico construído em 1690, um dos mais importantes do Estado, composto pela Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a residência dos padres. A arquitetura mostra o estilo barroco paulista, com imagens entalhadas em madeira e feitas de terracota, além de armações de roca, produzidos nos séculos 17 a 19. No programa, a Feira de Artes de Embu também mereceu destaque.

A Capela Nossa Senhora da Escada ou Capela da Aldeia de Barueri, a primeira de taipa de pilão do País, construída entre os séculos 16 e 17, mais a imagem da Nossa Senhora da Escada, de Barueri; a Aldeia de Carapicuíba, de 1580, a única das 12 aldeias de São Paulo de Piratininga que preserva suas características, mais a Festa de Santa Cruz, realizada há 300 anos em Carapicuíba; o Sítio do Mandu e o Sítio do Padre Inácio, do século 17, em Cotia; o Museu Casa de Anhanguera e a Casa de Cultura dos séculos 17 e 18 em Santana do Parnaíba; o Sítio Santo Antônio, maior casa bandeirista da região construída no século 17, de São Roque, são as principais atrações do roteiro.

No lançamento do Taypa de Pilão compareceram representantes de todas as cidades envolvidas, do governo do Estado e de segmentos do turismo. Houve apresentação do Quinteto de Sopro de Embu, composto por músicos da Orquestra Municipal, performance da Companhia Parnaibana de Teatro, com atores vestidos de bandeirantes e nobres, e exposição de maquete das construções de taipa das cidades feita pela ceramista Célia Santiago, de Embu. As cidades também mostraram no coquetel suas especialidades gastronômicas, com destaque para o bolo de aipim (Embu), os antepastos e o vinho (São Roque), as geleias e o queijo (Cotia), a paçoca de carne-seca (Santana do Parnaíba), bolos, pães e patês de Carapicuíba e Barueri.

"Esse projeto vem sendo trabalhado há três anos e Embu participa desde o início. E essa é uma das muitas ações que podemos encaminhar junto com a Secretaria do Estado para desenvolver o turismo", disse o secretário adjunto de Turismo de Embu, Fernando Couto Magalhães. Depois de lembrar que São Paulo recebeu 11 milhões de visitantes em 2008 e que continua sendo o maior emissor de turismo do País, o secretário de Esporte, Lazer e Turismo do Estado, Claury Alves da Silva, ressaltou a importância do trabalho conjunto entre Estado, municípios e entidades. "O turismo traz qualidade de vida para a população dos locais em que é desenvolvido", disse. Para ele, o Circuito Paulista Taypa de Pilão despertará interesse nos turistas que visitam São Paulo e os que estarão na cidade na Copa do Mundo de Futebol de 2014. Cristina Oka, secretária de Turismo de Cotia, que falou do projeto em nome dos municípios, afirmou que o programa é uma conquista de muitas etapas. Lembrou Embu como antiga aldeia indígena e centro de arte.

Pacotes e preço

De acordo com Carlos R. Silvério, da Graffit, já estão sendo comercializadas cinco versões de roteiros de um dia, mas a proposta é que no futuro eles incluam pernoite nas cidades participantes, movimentando assim também o setor hoteleiro. Os pacotes de um dia custam em média R$ 95, com saída do Largo do Arouche, em São Paulo, às 8 horas e retorno às 18 horas. Inclui almoço, ingresso para as atrações e serviço de bordo em ônibus equipado com ar-condicionado, além de guia turístico credenciado. Os participantes de até 11 anos pagam 50% do valor do pacote e há desconto de 10% para pessoas da terceira idade filiadas ao Clube da Terceira Idade.

Há muitas razões para você se programar já e visitar as cidades, que além de suas riquezas históricas apresentam um atraente calendário de eventos. Embu – que faz parte de dois dos cinco pacotes, Carapicuíba–Embu (III) e Barueri–Embu (V) – realiza o Arraial de Embu das Artes, nos fins de semana de 26 a 28/6 e de 3 a 5/7; Festival de Carros Antigos, dia 28/6; Exposição Alguns Contemporâneos, de 25/6 a 2/8; 1ª Copa Embu das Artes de Karatê Interestilos, 28/6, entre outros programas. Informe-se sobre mais eventos e atrações nos sites das cidades. O Circuito Paulista Taypa de Pilão será apresentado no 4º Salão de Turismo Roteiros do Brasil, a ser realizado no Anhembi, em São Paulo, SP, de 1º a 5 de julho. Mais informações e compra de pacotes na Graffit, telefone      (11) 5549-9569, site www.graffit.com.br.

 

           BARUERI                 

Aldeia de Barueri                                                                                                                                                IMAGEM DE NOSSA SENHORA DA ESCADA
Processo: 20849/79 Tomb.: ex-officio em 9/4/79 Tomb.: Iphan em 28/4/80
Livro do Tombo das Artes: Inscrição nº 131, p. 12, 9/4/1979                           

No início do século XVII, o governador da capitania, Francisco de Souza, instituiu um local para acolher os índios carijós. A doutrinação foi entregue aos padres da Companhia de Jesus e, por volta de 1630, era o mais populoso entre os aldeamentos jesuíticos, com cerca de mil casas. Na segunda metade do século XVIII vários colonos apropriaram-se das terras dos índios que, por diferentes motivos, abandonaram o local. Do antigo aldeamento restou apenas o sítio definido por praça retangular plana, sobre uma colina à margem direita do Tietê. Na Capela de Nossa Senhora da Escada, construída no final do século XIX, encontra-se a imagem seiscentista com coroa de prata, originária de Portugal, em cerâmica policromada, de autoria desconhecida, medindo 63 cm de altura sobre base quadrada de 25x20x6 cm.
Fonte Jaelson B. Trindade e Antônio L.D. de Andrade
                                        

          

CARAPICUIBA

ALDEIA DE CARAPICUÍBA E IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA
Processo: 00339/73 Tomb.: ex-officio em 24/7/74 Tomb.: Iphan em 13/5/40
Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 83, p. 9, 24/7/1974

A Aldeia de Carapicuíba se formou em terras doadas por Jerônimo Leitão e Afonso Sardinha para o confinamento de índios, sob a administração da Companhia de Jesus. Em 1698, em conseqüência do esgotamento do solo, o padre Belchior de Pontes a transferiu para Itapecerica. Esta primitiva Aldeia de Carapicuíba foi parcialmente destruída pelos jesuítas, para impedir que os índios aí permanecessem. Posteriormente, em 1727, foi reconstruída, aproveitando-se os remanescentes da antiga instalação. O agenciamento da aldeia desenvolveu-se em torno de uma praça retangular, para a qual voltam-se pequenas casas geminadas, em taipa de mão, com telhados em duas águas e cumeeira paralela à rua. A igreja, reedificada em taipa em 1736, em substituição à de Nossa Senhora da Graça erguida em 1615, consiste em uma simples nave retangular, com quatro cômodos laterais, que abriga imagens antigas e um altar singelo.
Fonte Arquivo Condephaat
Foto Victor Hugo Mori

                

COTIA

SEDE DO SÍTIO DO PADRE INÁCIO
Estrada do Morro Grande
Processo: 00338/73 Tomb.: ex-officio em 23/9/74 Tomb.: Iphan em 8/10/51
Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 86, p. 10, 23/9/1974

Residência rural do início do século XVIII, é especialmente significativa por sua elegância de composição, pela excelência de decoração dos cachorros, colunas e alisares, pela qualidade da fatura da estrutura de seu telhado e pelo seu sótão que envolve a sala central, com acesso através de escada, recebendo iluminação e ventilação por janelas que abrem para as fachadas laterais e posterior.

A sede do Sítio do Padre Inácio foi construída em fins do século XVII. Teve como primeiros proprietários o juiz de órfãos Roque Soares de Medela e Luzia Leme, tia do padre Inácio Francisco Amaral, nascido em 1753. O imóvel constitui-se em valioso exemplar da arquitetura colonial paulista, cujo partido e distribuição de planta foram desenvolvidos apenas em construções residenciais rurais próximas à cidade de São Paulo. Construído em taipa de pilão, apresenta uma planta quadrada, onde a sala principal se situa ao centro, tendo em suas laterais a distribuição de cômodos. Possui uma varanda reentrante em sua fachada principal, um sótão, cobertura em quatro águas e longos beirais com cachorros de belas formas entalhadas na madeira. São relevantes as almofadas das portas e janelas, em alto-relevo, com desenhos geométricos. Entre todas as casas ditas bandeiristas, esta é a que, volumetricamente, apresenta proporções mais equilibradas, resultando em grande beleza plástica.
Fonte Arquivo Condephaat                                                          

 

O Sítio do Mandúo, com sua casa grande, tombado pelo IPHAN, constitue marco importante do ciclo bandeirista-jesuístico e depois tropeiro na cidade de Cotia.

O Sítio Mandu,construído provavelmente no início do século XVII, constitui um exemplar tardio das habitações bandeiristas e um dos poucos remanescentes deste tipo de arquitetura, distingui-se das outras ainda existentes por apresentar uma varanda posterior e sinais de piso assoalhado, coisa incomum nestas moradas Em 1964, esta propriedade foi doada pela família Kneese de Mello ao Iphan que realizou trabalhos de restauração e consolidação no imóvel. A sede situada à meia encosta, em taipa de pilão e pau-a-pique, com partido compacto, planta retangular e alpendres reentrantes nas elevações principal e de fundos, possui em seu interior uma capela, localizada ao lado do alpendre, possui pintura seiscentista na cúpula do altar-mor, com forro e altar decorados. Em cada lateral da sala, encontram-se dois compartimentos e um cômodo em cada lateral dos alpendres. A sua cobertura, em quatro águas com um longo beiral, possui um desvão utilizável.
Fonte Processo de Tombamento

Arquitetura Rural

Registrado no Livro Histórico Volume Folha Inscrição Data 1 055 332 12/01/61

 

EMBU

           

IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E RESIDÊNCIA ANEXA
Largo do Rosário
Processo: 00336/73 Tomb.: ex-officio em 16/1//74 Tomb.: Iphan em 21/10/38
Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 75, p. 7, 20/2/1974

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi construída no início do século XVIII pelo padre Belchior de Pontes, sendo dele também a autoria da imagem do orago. Coube, posteriormente, ao padre Domingos Machado, em 1740, a construção do convento anexo. O conjunto formado pela igreja e convento, separados pela torre sineira, é destituído, em sua parte externa, de ornamentos, o que torna o seu aspecto bastante singelo. A técnica construtiva utilizada é a taipa de pilão que, devido à deterioração provocada pela ação das chuvas, teve que ser reforçada com a introdução de estrutura de concreto armado nas suas paredes. No interior da igreja, nota-se uma preocupação maior com a decoração, principalmente em relação às pinturas dos tetos da capela-mor, em caixotão, e às da sacristia, cujas figuras, neste último ambiente, denunciam a influência oriental. Possui um rico acervo de imagens sacras, entre outras peças.
Fonte Processo de Tombamento

SANTANA DE PARNAHYBA

   

Centro
Processo: 21946/82 Tomb.: Res. 49 de 13/5/82 D.O.: 28/5/82
Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 199, p. 49, 16/8/1982

Em finais do século XVI, o capitão André Fernandes construiu uma capela que deu início ao povoado de Santana de Parnaíba, às margens do Rio Tietê. Foi elevada à vila em 1625 e a município em 1906. No século XVII, conheceu o desenvolvimento, em decorrência das condições geográficas favoráveis às entradas e bandeiras que utilizaram o local como passagem para os sertões de Goiás e Mato Grosso. A partir do século seguinte, a cidade entrou em processo de estagnação. As construções do núcleo histórico são predominantemente do século XIX, térreas e assobradadas, todas no alinhamento do lote, telhados em duas águas com beirais paralelos à calçada e, em sua grande maioria, geminadas. Originalmente construídas em taipa de pilão e pau-a-pique, muitas ainda preservam esta técnica construtiva.
Fonte Rosa Castro
Foto Tereza C. R. E. Pereira

CASA DO ANHANGUERA
Praça da Matriz, 9, esquina com a Rua Álvaro Luís do Vale
Processo: 00354/73 Tomb.: ex-officio em 13/10/80 Tomb.: Iphan em 2/12/58
Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 139, p. 25, 29/5/1981

O bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, é reconhecido por suas investidas pelos sertões de Minas e Goiás à procura de ouro no século XVIII. No início desse século, após a Guerra dos Emboabas, se estabeleceu na Vila de Parnaíba e tornou-se proprietário deste imóvel. Edificação térrea, possui telhado de três águas e beiral ricamente adornado com cachorros. De dimensões reduzidas, apresenta apenas dois lanços de cômodos e um sótão que servia de depósito de gêneros. De propriedade do Iphan, é administrada pela Prefeitura Municipal que nela instalou o Museu Casa do Anhanguera.
Fonte Processo de Tombamento

SÃO ROQUE 

   

SEDE DO SÍTIO SANTO ANTÔNIO
Estrada da Mata da Câmara
Processo: 00374/73 Tomb.: ex-officio em 11/12/74 Tomb.: Iphan em 22/1/41
Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 99, p. 13, 6/5/1975

Fernão Pais de Barros mandou construir, por volta de 1640, a sede da fazenda e, posteriormente, a capela, originalmente oratório, segundo licença solicitada em 1681. No século XIX, o imóvel teve uma de suas paredes pintada pelo mestiço de nome Belisário, agregado do proprietário Antonio Joaquim da Rosa, barão de Piratininga. O partido é típico das casas bandeiristas, destacando-se das demais pelo equilíbrio de suas proporções e pela localização da capela, edificada separada da sede. Estas duas edificações foram construídas em taipa de pilão, sobre embasamento de pedra. A capela possui torre, alpendre e um belo trabalho em madeira treliçada. Em seu interior se sobressaem o púlpito, retábulos em madeira esculpida em baixos relevos e as pinturas dos tetos da nave e capela-mor. Mário de Andrade, escritor e poeta, tornou-se seu proprietário em 1944 e, após a sua morte, a propriedade passou a pertencer ao Iphan.
Fonte Processo de Tombamento