Templo Odsal Ling     

Inaugurado no ano passado, o seu nome significa "Lugar de Clara Luz". O templo está voltado para o ensinamento budista tibetano, práticas de meditação, retiros e cerimônias tradicionais.

Aos finais de semana, das 10h às 12h, as pessoas podem conhecer o local, mas o seu foco não é apenas a visitação turística.
Rua dos Agrimensores, 1.461 - Chácara Ondas Verdes. (Via Estrada do Capuava- altura Km 25,5 da Raposo Tavares)
 

Templo Zu Lai                   
 

Maior templo budista da América Latina, o Templo Zu Lai localiza-se em Cotia. Lugar tranquilo, que transmite paz aos seus visitantes e dá oportunidade de terem contato com uma outra religião e uma cultura diferente da nossa. O templo possui uma área de 10 mil m², com 150 mil m² de área verde, e conta com salas de meditação, alojamento, biblioteca e livraria, além de lindos jardins, cascatas artificiais e um lago. É um lugar que reúne tranquilidade, religião e cultura.

Estrada Municipal Fernando Nobre, 1.461
Dias e Horário de funcionamento: De terça à sexta das 12h às 17h. Sábados, domingos e feriados das 9h30 às 17h. Fechado às segundas.

Santa Catarina de Alexandria                                                  

Santa Catarina de Alexandria (festa em 25 de novembro), nasceu e viveu na Alexandria no início do século IV. Sua vida era bastante simples e piedosa já que tinha muitas riquezas, visto que o seu pai era rico e ela era muito bonita. A sua conversão e sua paixão por Jesus teve lugar em uma Ermida na qual ela descobriu sua fé. Se batizou e declarou publicamente a sua fé e que não queria homenagear ninguém nem o imperador, mas somente Jesus. Através de uma visão denunciou Maxentius por perseguir os cristãos. Metade dos seus convertidos foram queimados vivos por Maxentius. Maxentius ofereceu a Catarina um casamento real se ela renunciasse a sua fé. A sua recusa fez com que eles a levassem para a prisão. Na prisão, enquanto Maxentius estava fora, ela converteu a sua esposa e 200 de seus soldados. Na volta ele sentenciou todos a morte, e Catarina ao martírio.

Os atos do martírio eram descritos por escribas romanos que tinham ordens de relatar o martírio e dar pouca ênfase ao santo sendo martirizado de modo assustar os cristãos, pois a os atos eram expostos no local do martírio e na biblioteca em Roma. O martírio foi feito amarando-a a um poste e girava-se um roda de madeira com pás de ferro junto ao seu corpo e as pás iam dilacerando a carne num suplicio infernal. Os estudiosos dizem que as pás eram feitas, na época, de ferro, pelos mesmo ferreiros que faziam as ferraduras dos cavalos, de uma maneira grosseira, sem afiar a lamina, e desta forma, a carne era dilacerada por impacto e não por corte, provocando dores lancinantes, em especial na região dos seios. Mas com Santa Catarina a roda quebrou milagrosamente. Maxentius enfurecido mandou que fosse decapitada. Diz a lenda que de suas veias jorraram leite em vez de sangue.
No Monte Sinai tem um monastério com o seu nome.

Santa Catarina era uma das vozes que Santa Joana d’Arc ouvia.
Ela é invocada contra acidentes no trabalho. Na arte litúrgica da Igreja ela é mostrada segurando a roda com as pás de ferro.

Sua festa é celebrada no dia 25 de novembro.

È a Padroeira da Capela da Aldeia e Carapicuiba

 

São Joaquim e Santa Anna                                               

Viveram no primeiro século e sua festa é celebrada no leste no dia 9 de setembro. A tradição dá o nome de Joaquim e Ana (significa graciosa em hebreu) aos pais da Virgem Maria.

São João Damasceno exorta Joaquim e Ana como modelos de pais e esposos cujo principal dever era educar seus filhos. São Paulo diz que a educação dos filhos pelos pais é sagrada.
A tradição diz que Joaquim nasceu em Nazaré, e casou-se com Anna quando ele era jovem. Ele era um rico fazendeiro e possuía um grande rebanho. Como não tivessem filhos durante muitos anos Joaquim era publicamente debochado, (não ter filhos era considerado na época uma punição de Deus pela sua inutilidade). Um dia o padre do templo recusou a oferta de Joaquim de um cordeiro e Joaquim foi para o deserto e jejuou e rezou por 40 dias. O Pai de Ana teria sido um judeu nômade chamado Akar que trouxe sua mulher para Nazaré com sua filha Anna. Após o casamento de sua filha com Joaquim tambem ficou triste de não terem sido agraciados com netos. Ana chorava e orava a Deus para atende-la. Um dia ela estava orando e um anjo disse a ela que Deus atenderia as suas preces. Ela estava sob uma árvore pensando que Joaquim a havia abandonado(ele estava no deserto). O anjo disse ainda que o filho que teriam seria honrado e louvado por todo o mundo. Anna teria respondido; "Se Deus vive e se eu conceber um filho ou filha será um dom do meu Deus e eu servirei a Ele toda a minha vida."
O anjo disse a ela para ir correndo encontrar com o seu marido o qual, em obediência a outro anjo, retornava com o seu rebanho. Eles se encontraram em um local que a tradição chama de Portão de Ouro. Santa Anna deu a luz a Maria quando ela tinha 40 anos. É dito que Anna cumpriu a sua promessa e ofereceu Maria a serviço de Deus, no templo, quando ela tinha 3 anos. De acordo com a tradição ela e Joaquim viveram para ver o nascimento de Jesus e Joaquim morreu logo após ver o seu Divino neto presente no templo de Jeruzalém.
O Imperador Justiniano construiu em Constantinopla, uma igreja em honra de Santa Anna lá pelo anos de 550.Seu corpo foi trasladado da Palestina para Constantinopla em 710 e algumas porções de suas relíquias estão dispersas no Oeste. Algumas em Duren (Rheinland-Alemanha), em Apt-en-Provence, (França) e Canterbury (Inglaterra).
O culto litúrgico de Santa Ana apareceu no sexto século no leste e no oitavo século no Ocidente. No século décimo a festa da concepção de Santa Anna era celebrada em Nápoles e se espalhou para Canterbury lá pelos anos de 1100 DC e daí por diante até século 14, quando o seu culto diminui pelo crescente interesse pela sua filha, a Virgem Maria.
O culto a Santa Ana chegou a ser até atacada por Martinho Lutero, especialmente as imagens com Jesus e Maria, um objeto favorito dos pintores da Renascença. Em resposta, a Santa Sé estendeu a sua festa para toda a Igreja em 1582.
São Joaquim tem sido honrado no Leste desde o início e no Ocidente desde o 16° século e imagens do culto a São Joaquim começaram no ocidente nas Comunas e nos Arcos em Veneza que datam do século 6° .
A Imaculada Concepção de Maria é comemorada no dia 8 de dezembro e o nascimento da Virgem Maria, nove meses depois, ou seja no dia 8 de Setembro.
A festa de São Joaquim era celebrada, no Ocidente no dia 16 de agosto.

Agora, ambos são comemorados no dia de Santa Ana ou seja no dia 26 de julho.

Santa Anna é a Padroeira de Santana de Parnaiba.

 

Nossa Senhora do Monte Serrat     

O primeiro santuário com o nome de MONTE SERRAT foi construído na Espanha, perto de Barcelona, e seu nome deriva da montanha onde està situado,cuja forma se assemelha a uma serra de agudos dentes.
Diz a estória que a imagem da VIRGEM DE MONTE SERRAT foi levada a Barcelona nos primeiros tempos do cristianismo e ali venerada pela população.
Na época da invasão sarracena, os cristãos esconderam a preciosa imagem e relìquia na serra escarpada, para que não fosse encontrada pelos sarracenos.
Tudo foi destruído e quase dois séculos depois num sábado do mês de abril, alguns pastores viram aparecer de repente, junto a montanha, um grupo de estrelas muito brilhantes, enquanto ouviam extasiados um harmonioso coro de anjos. Notificando sobre o estranho acontecimento que se repetia todos os sábados ,o bispo da cidade de Manresa e o prefeito de Barcelona subiram a serra e encontraram numa caverna a imagem da VIRGEM MARIA, enegrecida pelo tempo.
Organizaram uma romaria para levar a imagem para Monresa, a imagem porem, que até certo ponto se deixara levar, ficou de repente imóvel e não houve quem a removesse dali.
Acreditando ser Vontade da Mãe de Deus permanecer naquele local, colocaram-na numa capela da aldeia, onde Ela começou a operar curas maravilhosas.
A fama desse santuário correu por toda a Espanha e os FRADES DE SÃO BENTO tornaram-se os guardiões e propagadores do culto. Foram eles que trouxeram essa devoção ao BRASIL.
Alguns estados e cidades do Brasil tem um templo dedicado a ela.
A imagem de Cotia já existia na primeira capela do MONTE SERRAT em 1684.Ficava onde é hoje a estrada do São Fernando Golfe Club. Como essa capela não era cuidada,o bispo do Rio de Janeiro, D. Lencar ordenou que se derrubasse a capela e que seus pertencentes fossem levados para então, Vila de Itu (hoje cidade ).
Havia em Cotia o coronel Estevão Lopes de Carmargo que era proprietário das terras está a igreja hoje.
Além de doar estas terras para a igreja, construiu uma capela que constava do altar mor e a duas laterais onde estão hoje o SAGRADO CORAÇÃO E NOSSA SENHORA DAS DORES.
Esta capela foi inaugurada no dia 8 de setembro de 1713,com a entrada solene da padroeira no altar mor.
Os degraus do altar, lembram o MONTE onde a Virgem foi encontrada. E todas as capelas erguidas em seu nome têm esta característica.
A Virgem está sentada em um trono com seu FILHO MENINO no joelho esquerdo.Com a mão direita ela abençoa os fieis e e com a esquerda segura o menino que tem na mão Romã, fruta abundante na região onde foi encontrada. Símbolo também do AMOR, pois o inverso da palavra Romã é AMOR.
A freguesia de Nossa Senhora do Monte Serrat
Qual era a extensão da freguesia de Nossa Senhora de Monte Serrat há época do Brasil colonial? O documento mais antigo que fala dos limites desta freguesia data de 1748. Aos 12 de janeiro de 1748 foram feitas, pelo governo eclesiástico as divisas de Cotia com Araçariguama pela forma seguinte:
"Araçariguama com Acutia: do lado do Coronel Domingos Rodrigues da Fonseca em São Roque, vulgo Peratinga, irá em linha que correndo em figura reta irá terminar no sítio do Paiol; todo o território que ficou da parte daquém pertencerá à freguesia de Acutia exclusive o sítio do dito Domingos Rodrigues e o Paiol e da parte dalém pertencerá a Araçariguama, inclusive, a ela o sítio do sobredito Domingos Rodrigues exclusive o do Paiol que pertence a Parnahyba como acima ficou dito. E acontecendo ficar sem freguesia a capela de São Roque que por ora está anexa a Araçariguama, terá a divisão entre Acutia e a freguesia de São Roque uma linha que saindo do sítio de Jorge Garcia, exclusive, correndo pelo monte das Pitas venha acabar no sítio de Manoel Pereira e daí correndo a mesma linha irá a demandar a estrada de Apereatuba e terminará até o ribeirão Uma que é pólo onde termina a freguesia de Sorocaba; todo o território da parte dalém desta linha será o território de São Roque exclusive o sítio do dito Manoel Pereira e daquém pertencerá o terreno a Acutia inclusive a ela o sobredito sítio de Manoel Pereira" (Tombo de Araçariguama: 1747 – 1859, p.13 e "Auto de Delimitação da Paróquia de São Roque: 1766 – 1768, p. 3. Veja também Eugênio Edgar, os Municípios Paulistas. 1º Vol. 1925, pp. 597 – 598)"

Ora, este documento apresenta apenas as divisas com Araçariguama e São Roque. Não nos foi possível localizar, porém, documentos e provisões da criação das divisas com as demais freguesias que existiam na época. Buscamos seguir, portanto, um caminho indireto, mais lento e fácil, porém, suficientemente seguro para deixarmos às dimensões exatas da freguesia de Cotia nos anos de 1713.
O LIVRO DE ÓBITOS DE Cotia (1750 – 1775) será a nossa primeira fonte de referência. Transcrevemos alguns assentamentos que mencionam as freguesias com as quais a Paróquia de Cotia fazia limites:
1) "Aos 3 de janeiro de 1753 anos faleceu da vida presente Elena Carijó casada com Ignácio, com o sacramento da Penitência, a extrema unção, de idade de 25 anos mais ou menos, moradora e freguesa na Aldeia de Baruery: foi enterrada na Capela de Sorocamerim dos Carmelitanos de minha licença, termo desta freguesia e recomendada pelo superior dela, de que fiz este assento" – Pe. Antonio de Toledo Lara (p. 19v).
2) "Aos 3 de julho de 1755 faleceu da vida presente nesta freguesia de Cotia, Quitéria, menor, filha de Antonio, administrador, e Antonia sua mulher, escravos de Francisco Pereira, fregueses de Santo Amaro, com o sacramento da Penitência e Extrema Unção. Foi sepultada na aldeia de M’Boy termo desta freguesia. De que fiz este assento", (idem. P. 33v).
3) Aos 12 de fevereiro de 1755, faleceu da vida presente Joana, solteira, filha de Josefa Barroso, oriunda de Cuiabá, da casa de José Munhoz, com todos os sacramentos. Foi enterrada no adro da Igreja de Carapicuíba dos Jesuítas, de minha licença, termo desta freguesia. De que fiz este assento" (idem, p. 39v).
AS IRMANDADES NA FREGUESIA DE COTIA
No tempo do Brasil-Colônia existiam, na freguesia de Cotia, três irmandades: a do Santíssimo Sacramento, a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a de Nossa Senhora da Conceição. Estas associações congrevam pessoas concretas, historicamente situadas. Umas congregavam apenas homens. Outras reuniam, preferencialmente, negros. Outras ainda, preferiam pessoas de cor branca:
A Irmandade do SSmo. Sacramento foi instituída pelo Padre Antonio de Toledo Lara enquanto servia como vigário entre 1751 e 1759. Em 1757 visitou a freguesia de Nossa Senhora do Monte Serrat de Cotia, o Padre Antonio de Medeiros (Vigário de Nossa Senhora da Candelária de Itu e visitador ordinário das vilas e freguesias do bispado de Dom Frei Antonio de Madre de Deus, 2º bispo de São Paulo). O visitador não poupou elogios ao vigário por ter tomado a iniciativa de instituir mais uma irmandade na freguesia:
"Não menos se-lhe louva o zelo que tem mostrado na instituição da Irmandade do Ssmo. Sacramento, do qual todos devemos ser mais devotos, por dele nos proceder todo o bem, pois, sem dúvida era coisa muito feia e digna de se estranhar não haver a Irmandade de tão Altíssimo Senhor em uma freguesia de tão aumentado e luzido povo como esta" (Tombo de Cotia: 1728-1844, p. 29v).

A tarefa da Irmandade do SSmo. Sacramento era promover o culto à Eucaristia. Esta prática só era possível nos centros urbanos, ou seja, na Igreja Matriz da Freguesia, pois, exigia a presença do padre para a celebração da Missa e benção do SSmo após a solene adoração. Os irmãos eram obrigados a assistir à missa todas as quintas-feiras, havendo em seguida a benção solene. Os membros vestiam roupas vermelhas durante o culto, carregavam tochas por ocasião da comunhão e nas procissões eucarísticas dentro e fora da igreja, como também acompanhavam o sacerdote quando este levava o viático aos gravemente enfermos. Apenas os homens podiam ser membros desta irmandade e, segundo as Constituições de Bahia (1707), os cantores (homens) e os irmãos podiam entrar na Capela-Mor separada do resto da igreja por uma pequena grade. Portanto, quem participava desta Irmandade se sentia privilegiado e altamente honrado. (Cf. HOORNAERT, Eduardo et alii. História da Igreja no Brasil. Tomo 2, Vozes, Petrópolis, RJ. 1977, p. 237)
Por esse tempo, já existiam na freguesia de Cotia as Irmandades de Nossa Senhora dos Pretos e de Nossa Senhora da Conceição. A finalidade da Irmandade do Rosário era difundir a devoção a Nossa Senhora através do rosário. Além da reza do terço, os irmãos cuidavam do enfeite do altar da Santa, participavam de procissões, particularmente, daquele da festa de Nossa Senhora do Rosário no mês de outubro. Os membros desta irmandade podiam ser tanto homens quanto mulheres, geralmete escravos negros. A Irmandade de Nossa Senhora da Conceição congregava homens e mulheres, preferencialmente, brancos. Sua finalidade difundir a devoção a Nossa Senhora através da consagração da pessoa, da família e da paróquia à Virgem Maria.
Cada Irmandade tinha o altar da Santa Protetora, sepulturas próprias para o enterro dos irmãos associados e seu patrimônio. Cada uma assegurava aos sócios um enterro decente. Estes, porém, tinham que pagar, periodicamente, uma contribuição em dinheiro estabelecida pela própria irmandade ou pelas autoridades eclesiásticas.
Parece que, com o decorrer dos anos, a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição foi se dividindo em duas confrarias: na dos "homens brancos" e na "dos homens pardos". Não sabemos qual foi o motivo dessa divisão. Talvez os "pardos" queriam distanciar-se dos homens brancos e vice-versa a molde da sociedade da época. Já não se podia fazer irmandade de brancos e negros!
As paróquias que recebiam esta "proteção" eram chamadas "paróquias coladas", pois, recebiam benefícios, principalmente, dos "protetores" locais como no caso da freguesia de Cotia.
Certamente, pelos anos de 1800, a freguesia de Cotia era "Paróquia Colada", ou seja, recebia "côngrua" do padroado. Padre Manoel Dias Bueno, vigário na época, recebia da Fazenda Real da Capitania de São Paulo, uma pensão para a sua sustentação (Cf. Colações de Párocos: Padre Manoel Dias Bueno. Estante 3, Gaveta 27 nº 46. Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva).
Tudo leva a crer, porém, que na época da inauguração da Matriz, a Paróquia de Cotia ainda não era "capela real". Aliás, os depoimentos dos dois vigários afirmam, claramente, que foram procurados pelos "principais cabeças" e protetores da freguesia e que garantiam o sustento necessário a ambos os padres!
Um dos "protetores" da capela recém construída era o Coronel ESTEVÃO LOPES DE CAMARGO. Este "entregou toda a fábrica nova da dita Igreja". Providenciou não apenas os paramentos e tudo o que era necessário para o culto na nova capela, como também cedeu uma parte de suas terras para a construção da mesma.
Estevão Lopes de Camargo possuía grandes riquezas: casa, armas de fogo com anéis de prata, escravos, gado, cavalos e duas fazendas em Cotia:
"...a saber um sítio em Cotia, junto à Igreja, livre dos meus herdeiros meus irmãos, com suas terras que confinam com o Capitão Manoel Gomes.// Outro sítio tenho na borda do Rio Cotia junto à estrada de Roque Soares//. Possuo mais umas moradas de casas... nesta cidade de São Paulo" e "Declaro que aquelas terras em que está situada a Igreja de Cotia são minhas". As terras deste sátio foram avaliadas em 10 mil reis (cf. inventários não-publicados. ORDEM nº 697. Arquivo do Estado de São Paulo).
Outros homens fortes da época eram ROQUE SOARES DE MEDELIA, BELCHIOR DE BORBA PAES e FELIZ MACHADO. Eram senhores que possuíam o maior número de escravos na época em que Padre Salvador Garcia Pontes servia como vigário entre 1718-1745.
Embora, oficialmente, o padre dependia financeiramente destas "côngruas", concretamente, se sustentava com dificuldades por meio das assim chamadas "desobrigas", ou seja, pequenas contribuições pecuniárias que os fregueses davam por ocasião da confissão anual e comunhão pascal. O batismo, os casamentos e os enterros também eram consideradas "de desobriga". Estas taxas variavam segundo o parecer dos visitadores que de tempo visitavam as freguesias. Daí a grande ênfase que os visitadores davam a esta questão. Aliás, esta preocupação é constante no Livro de Tombo de Cotia: 1718-1844!
Visitando a freguesia de Cotia em 1728, Dom Frei Antonio de Guadalupe observou que os próprios "protetores" não ajudavam como deveriam! Buscou corrigir este abuso através deste decreto:
"Ainda que louvamos os moradores desta freguesia terem feito sua igreja de novo, contudo não podemos deixar de sentir ela tão despida de ornamentos e coisas necessárias para o culto divino, o que procede que nem o protetor acudir em coisas alguma nem se pagarem as covas que é o patrimônio da mesma igreja, para o que mandamos que o Ver. Vigário cobre todas as pessoas que se enterrarem na igreja, exceto as mais pobres, aquela quantidade que está disposta pelo Ver. Visitador passado, o Ver. João das Pontes ..." (Livro de Tombo de Cotia: 1728-1844, p. 5. Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva).

 

Nossa Senhora da Escada

O culto de Nossa Senhora da Escada foi trazido de Portugal para o Brasil. Por que "da Escada"? Uma das explicações remete à infância de Nossa Senhora. Ainda bebê, ela miraculosamente teria conseguido galgar as escadarias do templo de Jerusalém. Outra, mais prosaica, recorre a uma simples questão arquitetônica. O atributo "da Escada" teria surgido de igrejas em que era preciso vencer escadarias para cultuar a Virgem Maria.

Outra ainda refere-se à coragem dos navegantes portugueses, dos séculos XV e XVI. Também não faltou fé e fortaleza para correr todos os riscos. E tal fé dos marinheiros lusos encontrava uma expressão encantadora na devoção a Nossa Senhora da Conceição da Escada, na cidade de Lisboa.

Em Barueri, engendrou-se uma história que se acomoda ao passado local. Índios que eram perseguidos por bandeirantes teriam a certa altura sido encurralados junto a uma encosta de morro. Tudo levava a crer que estavam perdidos. Foi quando Nossa Senhora veio ao seu socorro e providencialmente fez surgir uma escada para que vencessem o obstáculo.

Existem igrejas sob a invocação de Nossa Senhora da Escada na Bahia, em Pernambuco (onde empresta o nome ao município de Escada) e em outras partes do Brasil. Em São Paulo, além de Barueri, existe uma em Guararema. Esta, de meados do século XVII, é tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional e, como a de Barueri, foi erguida para servir a um aldeamento.

O início do aldeamento em Barueri remonta ao ano de 1560, quando, em 18 de agosto, a Fazenda Baruery foi

doada por Jerônimo Leitão. Acusado por proteger índios, o fazendeiro doou as terras aos jesuítas, entre eles José de Anchieta que, de posse de uma carta de sesmaria, fundou, em 11 de novembro de 1560, o Aldeamento de Baruery, com índios Guaianazes (do litoral de São Vicente) e Guaicurús (do Planalto de Piratininga).
Uma capela foi erguida onde existe o bairro da Aldeia de Barueri, e a primeira missa realizada por Anchieta data de 21 de novembro de 1560.
Foi quando o jesuíta considerou Nossa Senhora da Escada como padroeira do aldeamento. A imagem da santa, esculpida em cerâmica, foi trazida de Portugal. Com a fundação do vilarejo de Sant´Ánna de Parnayba, em 1580, a harmonia entre índios e jesuítas ficou ameaçada pelas constantes investidas dos bandeirantes, que capturavam índios para utilizar como mão-de-obra escrava. Para reconstituir a população que estava sendo
dizimada, o padre Affonso Gago, no início do século XVII, começou a fazer expedições pelo sul do país, trazendo para Baruery, índios Carijós. Baruery era a mais importante aldeia jesuística do Brasil.

 

 

 

São Roque    

São Roque (1295 d.c – 1327 d.c) é um santo da Igreja Católica Romana, protege contra a peste e é padroeiro dos inválidos e cirurgiões. É também considerado por algumas comunidades católicas como protetor do gado contra doenças contagiosas. A sua popularidade, devido à intercessão contra a peste, é grande sendo orago de múltiplas comunidades em todo o mundo católico e padroeiro de diversas profissões ligadas à medicina, ao tratamento de animais e dos seus produtos e aos cães. A sua festa celebra-se no dia 16 de Agosto. Não existem grandes certezas sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior partes dos seus dados bibliográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido, já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de família e não o nome de batismo (segundo documentos do século XII). Embora haja considerável variação nas datas apontadas para o seu nascimento e morte, Roque teria nascido em Montpellier, França, por volta de 1350, e falecido na mesma cidade em 1379. Sabe-se, contudo que teria falecido jovem.Era filho de um mercador rico, de nome João, que teria funções de governante na cidade, e sua mulher Libéria. São Roque estava ligada a famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de considerável fortuna. Diz a lenda, que Roque teria nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o predestinaria à santidade. Roque teria ficado órfão de pai e mãe muito jovem, sendo a sua educação confiada a um tio. Estudou medicina na sua cidade natal, mas não concluiu os estudos. Levando desde muito cedo uma vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao atingir a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos pobres, deixando uma pequena parte confiada ao tio, e em seguida partindo em peregrinação a Roma. No decorrer da viagem, ao chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a infestada pela peste. De imediato ofereceu-se como voluntário na assistência aos doentes, operando suas primeiras curas milagrosas, usando apenas um escalpelo e o sinal da cruz. Em seguida visitou Cesena e outras cidades vizinhas, Mântua, Modena, Parma, e muitas outras cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque ajudando e curando os doentes, revelando-se cada vez mais como místico e taumaturgo.Depois de visitar Roma, onde rezava diariamente sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença, o que o impediu de prosseguir a sua obra de assistência. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma fonte de água com a qual matava a sede. O cão pertencia a um homem rico, chamado Gottardo Pollastrelli, que percebendo a miraculosa presença de Roque, o ajudou, sendo por ele convertido a emendar a sua má vida. Milagrosamente curado, regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador. Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão até morrer, abandonado e esquecido por todos, só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito. Embora não haja consenso sobre o local do evento, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um largo período de encarceramento. Descoberta a cruz no peito, a fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado em casos de epidemia, popularizando-se como o protetor da peste e da pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu carcereiro, que se chamavaa Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente curada. Embora sem provas que o consubstanciem, afirma-se que Roque terá pertencido à Ordem Terceira de São Francisco. São Roque é geralmente representado em trajes de peregrino, por vezes com a vestimenta típica dos peregrinos de Compostela, e com um longo bordão do qual pende uma cabaça. Um dos joelhos é geralmente mostrado desnudado, sendo visível uma ferida (bubão da peste). Por vezes é acompanhado por um cão, que aparece a seu lado trazendo-lhe na boca um pão.